A crise do PSL juntou num mesmo caldeirão política, família e assuntos de Estado. Em Tóquio, Jair Bolsonaro declarou que, em vez de virar embaixador nos Estados Unidos, o filho Eduardo deveria permanecer no Brasil para "pacificar" o partido. O presidente também afirmou que ninguém o verá "jogando lenha na fogueira" em que arde o PSL. Disse, de resto, que falta "serenidade" a um pedaço do PSL. Repetindo: Bolsonaro usou o verbo "pacificar" e o substantivo "serenidade". Ou seja: estava completamente fora de si.
Há duas semanas, agindo como um piromaníaco, Bolsonaro riscou o fósforo que acendeu a fogueira que ele agora fala em apagar. Disse a um apoiador, na frente do Alvorada, que Luciano Bivar, o presidente do PSL, está "queimado para caramba". Como quem sai aos seus não endireita, Eduardo Bolsonaro aproveitou os seus primeiros instantes como líder do PSL não para pacificar, mas para acentuar a guerra.
O filho do presidente afastou deputados rivais dos postos de vice-liderança e trocou representantes do PSL na CPI das Fake News, grande preocupação do governo. A Executiva do partido, ainda nas mãos de Bivar, abriu processos disciplinares contra 19 deputados —entre eles Eduardo Bolsonaro. E o grupo leal ao presidente da República obteve na Justiça liminar suspendendo os processos. Não será por falta de lenha que a fogueira continuará ardendo.
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