A Costa do Marfim, Gana, Camarões e Nigéria, responsáveis por 75% da produção mundial de cacau , estão com os estoques reduzidos desde 1970. O Brasil também sofre os impactos e teve a diminuição do cacau nos últimos anos. Mas o que está acontecendo com o chocolate? Vai acabar?
Na verdade, a crise do cacau acontece por causa das mudanças climáticas , ou seja, o aumento das temperaturas criou condições climáticas adversas, o que levou à dizimação de plantações inteiras por pragas em todo o mundo.
Além disso, as fortes chuvas seguidas pelas altas temperaturas e por períodos de seca são prejudiciais aos cacaueiros, as árvores do cacau. Ademais, o setor é caracterizado pelo baixo uso de tecnologia, tornando as plantações ainda mais propícias a pragas e doenças.
De acordo com o professor Flávio Gandara, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), os fatores econômicos também contribuem para a diminuição no cultivo.
Segundo o profissional, o preço pago pelo cacau é muito baixo e pode levar os pequenos produtores do fruto a não alcançarem recursos financeiros para investir na melhoria do cultivo e controle de pragas.
"Pagar barato no chocolate é legal, mas isso pode acabar prejudicando toda essa cadeia, já que o produtor não tem dinheiro para investir na prevenção e controle da sua plantação, então o próprio preço baixo do cacau é um fator que atrapalha esse cultivo. Sendo assim, podemos dizer, então, que é um conjunto de razões interligadas em que uma é potencializada pela outra nessa crise mundial", analisa Gandara, em entrevista ao Jornal da USP.
O cacau é a commodity agrícola que mais valorizou em 2024, com um aumento de 191% registrado em 18 de abril. Segundo o CBOT Chicago, o preço da amêndoa começou o ano custando US$ 4,2 mil a tonelada e bateu US$ 12,26 mil em abril.
Segundo projeções do setor agrícola, a disparidade entre a demanda e a oferta deve persistir até pelo menos 2029. Isso pode beneficiar os produtores brasileiros, mas somente após o equilíbrio da produção e a viabilidade do consumo do produto.
Em nota, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) ressaltou que a tendência de alta no preço do cacau por conta da queda na produção mundial "torna muito distante a possibilidade de uma redução" e que esse aumento tem elevado "o custo de produção na cadeia brasileira.
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