No final de domingo, no norte de Manhattan, uma esquina era tomada por grupo de homens de gravata e bíblia na mão, chamando quem passava para um culto. Com uma caixa de som, um pastor pregava em espanhol, enquanto um segundo repetia em inglês e com o mesmo fervor o que o religioso dizia. "Se estás angustiado, entre em nosso templo. Jesus te acolhe", convocava.
A sala do culto, que um dia foi um cinema, estava lotada. Dominicanos, peruanos e equatorianos, além de colombianos, mexicanos e venezuelanos. Havia também um pequeno grupo de brasileiros.
Horas depois de o culto terminar, os EUA foram informados que Trump escolheu seu novo "czar da fronteira". Trata-se de Tom Homan. Ele já Ele já foi o responsável pelo Serviço de Imigração no primeiro governo Trump e causou uma polêmica por adotar uma estratégia de separar famílias e tirar crianças de seus pais…
Em sua nova função, Homan ganhou um mandato ainda maior. Além de fechar as fronteiras, será o responsável por iniciar a "maior deportação em massa" da história dos EUA e prometida por Trump durante toda a campanha presidencial.
As estimativas oficiais do governo americano indicam que existam mais de 4 milhões de mexicanos em situação irregular, 800 mil guatemaltecos e 700 mil salvadorenhos. No caso do Brasil, os dados apontam para a existência de 230 mil sem documentos ou visto.
Num dos comícios de Trump, o novo chefe das fronteiras anunciou: "Tenho uma mensagem aos milhões de estrangeiros ilegais que Joe Biden liberou em nosso país: podem começar a fazer suas malas".
Pelos EUA, grupos de direitos humanos já começam a se organizar para sair em defesa de imigrantes. Uma delas é a American Civil Liberties Union, uma rede de 500 advogados que promete levar aos tribunais qualquer abuso que Trump possa cometer contra populações mais vulneráveis.
Na porta da igreja, ao final do culto, o medo já era evidente, apesar de Trump tomar posse apenas em dois meses. Numa rodinha de brasileiros, quando o tema da deportação surgiu, um deles interrompeu a conversa para alertar: "não vamos ficar falando disso na rua, gente".
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