Flávio Bolsonaro, filho do presidente Bolsonaro não conseguiu parar as investigações sobre seus atos supostamente criminosos, mas conseguiu para a divulgação do processo e só conseguiu pelo fato de ser filho do presidente. Outras pessoas não conseguiriam.
Volta e meia algum juiz atrapalhado decide que jornalistas têm que obedecer ao segredo de Justiça. Logo em seguida, uma instância superior faz valer o entendimento de que esse tal sigilo deve ser obedecido por membros do Judiciário, não pela imprensa. Com base em tal jurisprudência, é possível prever que em breve será derrubada a censura imposta pela juíza Cristina Serra Feijó, da 33ª Vara Cível do Rio de Janeiro, que proibiu a TV Globo de exibir documentos da investigação do esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa fluminense.
Quando isso acontecer, o que restará, além do péssimo conceito de parte da sociedade sobre o trabalho da magistrada, será a convicção de que o senador Flávio Bolsonaro tem negociações ainda mais cabeludas que não quer ver expostas à luz do sol.
Em julho do ano passado, o advogado de Flávio, ninguém menos que Frederick Wassef, foi ao Supremo Tribunal Federal e conseguiu que o ministro Dias Toffoli suspendesse a investigação do Ministério Público do Rio sobre a movimentação bancária de Fabrício Queiroz e seus Blue Caps. A decisão paralisou todas as investigações feitas com base em relatórios do Coaf.
Para uma família que tem como bandeira a luta contra a corrupção, nada mais contraditório. Desde que a restrição ao trabalho do MP foi anulada, vieram à tona detalhes cada vez mais escabrosos do esquema de rachadinha, que comprometem não só Flávio, mas também a primeira-dama, Michelle, e consequentemente o presidente Jair Bolsonaro.
Diante da impossibilidade de parar a investigação, Flávio tenta agora cessar a divulgação das tramoias descobertas no esquema da Alerj e em seus negócios. Tudo sempre adubado com dinheiro vivo, bem parecido com o que costuma ocorrer nos esquemas tradicionais de lavagem de dinheiro.
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