Falta menos de um mês para a eleição do novo presidente da Câmara e, seja quem for o vencedor, o presidente Jair Bolsonaro não terá vida fácil. Se vencer Baleia Rossi (MDB), o candidato de Rodrigo Maia (DEM), o ex-capitão terá na liderança da Casa um obstáculo para os seus esperneios autoritários; ficará sem o controle da agenda da Câmara nos dois anos finais do seu mandato; e viverá à sombra da ameaça do impeachment — dado que a vigência da hipótese foi uma das condições que a esquerda impôs para apoiar Rossi.
Se vencer, porém, o candidato do governo, Arthur Lira (PP), tampouco Bolsonaro poderá respirar aliviado. É verdade que o presidente terá um aliado no lugar daquele que hoje considera ser um adversário, Maia. É fato que poderá passar a mão no telefone e pedir ao novo eleito que fure a fila para priorizar a votação de pautas de seu interesse. E é provável também que consiga tirar do seu campo de visão, ao menos por algum tempo, a ameaça de impeachment. Mas a vitória do líder do Centrão sairá caro para Bolsonaro e mais caro ainda sairá para o presidente patrocinar sua sustentação pelo bloco ao longo dos próximos anos.
Em troca de apoio à eleição de Lira na Câmara, o governo já prometeu a aliados quatro ministérios, um sem fim de cargos comissionados e 1,9 bilhão em recursos públicos a serem gastos em obras por indicações de deputados — fora as emendas parlamentares tradicionais que, em alguns casos, têm ultrapassado a casa dos 100 milhões de reais, de acordo com relatos de congressistas. E a derrama não vai parar por aí.
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