As universidades federais têm um déficit de pelo menos 11 mil professores e servidores técnico-administrativos. São vagas para atender à demanda de graduações criadas na última década, como de Medicina, ou à expansão de cursos já existentes, mas os cargos não foram autorizados pelo governo federal. Com as lacunas, as instituições suspendem aulas, convocam docentes voluntários, deslocam professores de um câmpus a outro e relatam dificuldades para usar laboratórios.
A informação sobre o déficit de cargos consta de nota técnica do Ministério da Educação (MEC) enviada no fim de maio à Economia. No documento, obtido pelo Estadão, o MEC calcula que, dos 8.373 cargos de docentes prometidos às universidades, só 4.644 foram de fato autorizados (déficit de 3.729). Em relação aos técnicos - responsáveis por laboratórios e bibliotecas, por exemplo -, o problema é ainda maior: 7.273 cargos. No total, a rede federal tem 95 mil professores e 102 mil técnicos. A falta de pessoal fica evidente sobretudo após a metade dos cursos, quando há mais demanda por professores especialistas. O Estadão ouviu dirigentes de oito federais em todas as regiões do País, que dizem fazer "malabarismos". Nos últimos anos, as universidades têm sofrido com o corte do orçamento de custeio, usado para contas de energia ou limpeza, o que reduz ainda a margem para contratar terceirizados, também pagos com essa verba. Neste mês, a gestão Jair Bolsonaro (PL) bloqueou R$ 1,6 bilhão do MEC - o governo é criticado por não poupar a educação nos cortes de recursos. Mas liberou, em maio, 1.250 vagas para a Polícia Federal (PF) e a Rodoviária Federal (PRF).
Uma das metas para a educação no Brasil, fixada em lei, é ter 33% dos jovens matriculados no ensino superior até 2024 - hoje, a taxa é de 23,8%. A partir de 2003, a rede federal passou por expansão de vagas. Outro foco foi interiorizar, com a criação de universidades e câmpus fora dos grandes centros. O número de instituições saltou de 45, em 2002, para as atuais 69, mas isso não foi proporcionalmente acompanhado de verba e de pessoal.
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