Após dias seguidos de pesados ataques mútuos entre Israel e o Hezbollah, com centenas de foguetes disparados pelo grupo libanês e bombardeios israelenses no sul do Líbano e em sua capital, Beirute, o premier Benjamin Netanyahu e o vice-líder do movimento xiita, Naim Kassem, trocaram ameaças e prometeram no domingo continuar a escalada de confrontos, em meio a pedidos da comunidade internacional para a diminuição das tensões a fim de evitar uma guerra total na região.
Em um dia que registrou 150 foguetes, mísseis e drones lançados contra Israel — levando centenas de milhares de pessoas aos abrigos antiaéreos no norte do país — e intensos bombardeios israelenses no sul do Líbano, a ONU alertou que o Oriente Médio está “à beira de uma catástrofe iminente”, enquanto EUA, União Europeia (UE) e Reino Unido, entre outros países, uniram-se às exortações para que os dois lados cheguem a um entendimento.
Os ataques de domingo do Hezbollah foram os mais profundos no território israelense desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, quando o movimento libanês começou os disparos em solidariedade ao grupo terrorista palestino Hamas, que atacou o sul de Israel de surpresa a partir do enclave, deixando mais de 1.200 mortos e cerca de 240 reféns. Aproximadamente 85 foguetes foram disparados contra a área de Haifa, a maior cidade do norte de Israel, e 24 contra o Vale de Jezreel, entre outros alvos na região de fronteira. Seis pessoas ficaram feridas, e houve vários incêndios.
Até 60km da fronteira
Áreas civis e bases militares foram alvo, mas as Forças Armadas israelenses afirmaram ter interceptado a maioria dos projéteis. As sirenes foram acionadas em comunidades a até 60km da fronteira. No Iraque, grupos armados pró-Irã anunciaram ter disparado drones contra Israel, que disse ter interceptado “vários objetos voadores suspeitos”.
Israel deu o troco continuando a bombardear o que identificou como posições do Hezbollah no sul do Líbano. Segundo autoridades libanesas, três pessoas morreram.
Em pronunciamento no enterro de Ibrahim Aqil, chefe da força de elite do Hezbollah morto no bombardeio israelense em Beirute na sexta que deixou ao menos 45 mortos, o vice-líder do grupo xiita, Naim Qassem, afirmou que o movimento entrou numa “nova fase ilimitada de acerto de contas” na batalha contra Israel.
— As ameaças não nos vão deter: estamos preparados para todos os cenários militares — disse Qassem em Beirute, na primeira reação pública do alto comando do Hezbollah após os ataques de sexta-feira.
Por sua vez, o premier Benjamin Netanyahu também subiu o tom em Israel. Em comunicado, ele disse que “nenhum país pode tolerar ataques a seus cidadãos” e afirmou que, nos últimos dias, as forças israelenses “desfecharam uma série de golpes no Hezbollah que eles nunca imaginaram” que poderiam ocorrer. “Se o Hezbollah não entendeu a mensagem, asseguro a vocês que vai entender”, completou. Ele reiterou a promessa de que os mais de 60 mil israelenses deslocados há meses de suas casas por causa dos frequentes ataques na fronteira retornarão a seus lares.
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