As investigações da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022 identificaram que o plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi discutido em 12 de novembro daquele ano na casa do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro.
Segundo as investigações da PF, os golpistas batizaram o plano de “copa 2022”, com “elementos típicos de uma ação militar planejada detalhadamente, porém, no presente caso, de natureza clandestina e contaminada por finalidade absolutamente antidemocrática”.
A reunião na casa de Braga Netto foi confirmada pelo general Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que se tornou colaborador da Justiça, e corroborado por materiais apreendidos com general da reserva e ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral do ex-presidente, Mário Fernandes, preso nesta terça-feira (19).
Braga Netto participou da reunião, segundo a PF, assim como Mauro Cid e os majores Hélio Ferreira Lima e Rafael de Oliveira, que também foram presos nesta terça. Eles são suspeitos de elaborarem, junto com Fernandes, o plano para matar Alckmin e Lula.
As investigações da PF descobriram que as execuções de Lula e Alckmin estavam marcadas para o dia 15 de dezembro. Além disso, o encontro também decidiu sobre o monitoramento e a execução do ministro Alexandre de Moraes. Tanto ele quanto Lula seriam mortos por envenenamento.
Ainda conforme a PF, depois do encontro, o major Oliveira mandou para Mauro Cid um documento em formato de Word intitulado "Copa 2022", que destacava as necessidades iniciais de logística e orçamento para os crimes.
Além disso, o plano contava com a participação dos "kids pretos", tropa de elite do Exército da qual os militares envolvidos, na execução das atividades clandestinas. Os militares presos nesta terça faziam parte desse escalão.
A investigação da PF também descobriu que Mário Fernandes imprimiu o documento que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes dentro do Palácio do Planalto em 6 de dezembro de 2022, às 18h09. Durante esse período, Bolsonaro estaria presente no Palácio do Planalto.
Confira o trecho completo do relatório da PF:
"A Polícia Federal aponta que o documento contendo o planejamento operacional denominado “Punhal verde amarelo” foi impresso pelo investigado MÁRIO FERNANDES no Palácio do Planalto, no dia 09/11/2022, ocasião em que os aparelhos telefônicos dos investigados RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA (JOE) e MAURO CESAR CID estavam conectados a ERBS que cobrem o Palácio do Planalto, e posteriormente levado até o palácio do Alvorada, local de residência do presidente da República, JAIR BOLSONARO. (...) "O então presidente da República JAIR BOLSONARO também estava no Palácio do Planalto. No mesmo período, verificou-se também a presença concomitante, na região do palácio do Planalto, de MAURO CID e RAFAEL DE OLIVEIRA. Conforme descrito no tópico 2.2. desta peça, a Polícia Federal comprovou que o então Major RAFAEL DE OLIVEIRA (JOE), Força Especial (“kid Preto”), lotado no Batalhão de Ações e Comando – BAC, foi um dos integrantes da operação “copa 2022”, que efetuaria a prisão/execução do ministro ALEXANDRE DE MORAES no dia 15/12/2022”, informa o documento.
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