No Nordeste, enquanto os gigantes supermercadistas tradicionais choram as redes regionais vendem lenço, como evidenciam os últimos movimentos da companhia mineira Novo Atacarejo. No apagar das luzes de 2023, a empresa ganhou ainda mais musculatura na região, ao adquirir duas lojas – uma em Garanhuns (PE) e outra em Campina Grande (PB) – que pertenciam ao Grupo Carrefour Brasil.
A operação acontece num momento em que a multinacional francesa passa por dificuldades no país e está retirando a bandeira de hipermercados Carrefour da Bahia e Ceará, duas das maiores economias do Nordeste.
A transação com o Novo Atacarejo foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 29 de dezembro, último dia útil do ano. O colegiado não divulgou os valores da transação. Procurado, o Novo Atacarejo respondeu, por meio de nota, que “essa compra faz parte do plano de expansão do grupo”, sem informar o investimento.
Essas novas unidades do grupo operam, até o momento, sob a bandeira TodoDia, que pertence ao antigo Grupo BIG, adquirido pelo Carrefour.
Em sua justificativa ao Cade para o desinvestimento nessas unidades, o Carrefour afirmou que essa transação foi considerada “uma oportunidade de negócio, contribuindo para a melhoria de sua eficiência financeira e alinhada à sua política de constante manutenção do parque de ativos”.
Novo Atacarejo cresce e Carrefour encolhe
Essa reviravolta no comércio nordestino acontece menos de dois anos após a compra do Grupo BIG pelo Grupo Carrefour Brasil. A Walmart (EUA) vendeu o BIG – dono das bandeiras BIG, BIG Bompreço, Super Bompreço, Nacional, Maxxi Atacado, Sam’s Club, TodoDia e de postos de combustíveis – numa transação anunciada em abril, aprovada pelo Cade em maio e concluída em junho de 2022.
A expectativa era que o maior grupo de varejo alimentar do país desse um salto sem precedentes ao avançar, por exemplo nos estados nordestinos, área de domínio tradicional do BIG, que detinha 181 lojas e 38 propriedades adicionais no mercado brasileiro.
Na fase em que a compra se tornou pública, o Carrefour afirmou que pretendia aumentar sua relevância em regiões onde tinha pouca participação, pois tinha identificado um forte potencial de crescimento. A estratégia incluía expansão em todos os formatos: supermercado, hipermercado, atacado e loja de vizinhança. O final dessa história, no entanto, foi bem diferente do previsto.
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