Há mais de dois mil anos a Igreja Católica celebra a Semana Santa. Durante o período, os cristãos realizam penitências, acompanham celebrações e fazem jejum. Algumas famílias ainda mantém tradições, costumes e valores repassados por gerações e que, com o passar dos anos, parecem ter ganho um caráter mais cultural que espiritual.
Quando eu era menino, minha mãe me levava para a igreja, lá em São Paulo. Nós acompanhávamos a procissão de Jesus morto. Eu me lembro que eu chorava bastante vendo a imagem dele carregada numa espécie de maca, morto.
Naquele dia, nosso almoço era com peixe assado ou no molho, mas não tinha bebida, não se fazia festas. Era dia de orar, refletir sobre o que aconteceu na época de Cristo aqui na Terra, ler panfletos religiosos. Não comíamos carne, era dia de penitência, ir à igreja, orar e pedir perdão. Fazíamos isso todos os anos.
Os costumes mudaram. Atualmente, as famílias se reúnem para almoçar, Mantém a tradição do peixe, mas o som é ligado o tempo todo, a televisão também, e para passar o tempo batendo papo, a cerveja acompanha as horas de conversas sobre políticas e futebol. Nada de assunto religioso, nada de reflexão sobre a data da Páscoa, da ressurreição de Cristo, nem seu significado.
Na prática, a celebração da Páscoa virou uma festa normal, com a preocupação de se vender muito chocolate e muito peixe. Os restaurantes ficam lotados de pessoas procurando refeições à base de peixe, as estradas com trânsito intenso de veículos que vão de um canto a outro, passeando, aproveitando o feriado prolongado. Fé, quase nenhuma, penitência nenhuma. Na prática, as pessoas fazem festa em comemoração à morte de Cristo, embora não fosse o objetivo.(Nicanor Filho)
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